Em visita à Unicamp, o coordenador do projeto internacional “Voices” – do qual o LABinCc participa – acompanhou os trabalhos da equipe brasileira
Mariana Hafiz
Entre os dias 28 e 30 de junho, o Laboratório de Inclusão na Comunicação e na Ciência (LABinCc) da Unicamp recebeu a visita do Dr. Juan Pablo Alperin, professor da Simon Fraser University (SFU), no Canadá. Alperin é coordenador do projeto internacional “VOICES: o Valor da Abertura, Inclusão, Comunicação e Engajamento pela ciência no mundo pós pandemia”, do qual o LABinCC participa. Além do Brasil e Canadá, fazem parte do Voices equipes de pesquisa da Alemanha e Inglaterra.
Em sua visita à Unicamp, o pesquisador acompanhou o andamento dos trabalhos da equipe brasileira, composta por pesquisadores do LABinCc e colaboradores do Labjor. Foram debatidos os artigos científicos em andamento e coleta de dados para outros estudos do projeto, além de uma apresentação da Agência Bori sobre agências de notícias de ciência – um dos objetos de estudos do projeto e do laboratório.
Um objetivo importante da visita de Alperin era aprofundar as discussões sobre os conceitos e teorias de cultura científica utilizados para embasar os estudos desenvolvidos sobre inclusão e diversidade no movimento da ciência aberta, aos quais todos os países se dedicam.
O Brasil tem contribuído com esse processo, com debates inspirados na Espiral da Cultura Científica desenvolvido em 2003 pelo professor Carlos Vogt no Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp (Labjor) – a sede do LABinCc. É possível conferir publicações sobre o trabalho de Vogt aqui em nosso site.
As discussões foram realizadas entre cafés, desenhos e anedotas na cafeteria 1727 Coffee Roasters, em Barão Geraldo. Foram três horas de conversas sobre as implicações da ideia de cultura científica e o diálogo com o referências para que, juntos, eles possam nortear os trabalhos de todos os países.
Como resultado, foram esclarecidos os benefícios e limitações das definições discutidas. Além disso, foram definidos os próximos encontros nos quais essas discussões serão levadas às demais equipes.
Abaixo, Monique Oliveira, pós-doutoranda do LABinCc, destrincha alguns pilares do debate teórico:
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- A centralidade da ciência aberta como produtora de mudanças na cultura científica;
- Um conceito mais abrangente de cultura — como uma relação com o outro — e não como definidora de um conjunto de símbolos ou práticas;
- Entendimento de que o movimento de ciência aberta tem um conflito interno: 1) ser um movimento entre pares; e 2) ser um movimento voltado para a sociedade;
- A ideia de que cultura científica não é só um produto final (algo que se almeja que o público amplo tenha), mas também o modo como a comunidade científica dialoga com o entorno;
- A necessidade de um maior protagonismo de cidadãos na cultura científica (não só como receptores de informação, mas parceiros no processo de construção de evidências, com a contribuição de perguntas relevantes, problemas de pesquisa, novas formas de pensar, etc);
- A fluidez dos papeis dos atores institucionais (cientistas também podem ser leigos em algumas áreas, como também podem se voltar para o público);
- A ciência cidadã como não sendo apenas uma prática específica, mas um caminho para o qual a ciência como um todo pode se orientar.
Alperin segue viagem no Brasil com visita ao Rio de Janeiro e depois parte para outros países da América Latina, comparecendo a eventos científicos e encontrando com colaboradores antes do seu retorno ao Canadá. Seguimos em contato à distância, esperando pelo próximo encontro presencial!