Confira entrevista com Carlos Vogt na revista Matrizes/USP sobre os 20 anos  da ‘Espiral da Cultura Científica’

1 de setembro de 2023

O professor e linguista Carlos Vogt. Foto: Divulgação/Ateliê Editorial

A “Espiral da Cultura Científica” completa duas décadas e a síntese do modelo sobre a interação ciência-sociedade continua relevante. Agora com 80 anos e décadas de dedicação à divulgação científica, o idealizador do modelo, Carlos Vogt, discorreu sobre a importância do encontro da ciência com não-cientistas — a cultura científica — em entrevista realizada pelo LABinCC no Labjor/Unicamp em janeiro.

A entrevista realizada por Germana Barata, Mariana Hafiz e Monique Oliveira foi publicada na revista Matrizes, da Universidade de São Paulo, em setembro. Ela está disponível em inglês e português. E a transcrição pode ser lida aqui.

Uma das primeiras versões do modelo foi publicada na revista do Labjor, a ComCiência, em 2003. Vários debates se seguiram até uma versão ser publicada na Public Understanding of Science em 2012, com diálogos que se seguem até hoje.

Na espiral, Vogt distingue quatro quadrantes por meio dos quais a linguagem da ciência flui. Em cada um deles, a ciência assume diversos paradigmas, cumpre funções diferentes e dialoga com públicos igualmente distintos.

Vogt discutiu a importância da divulgação científica como parte de um fenômeno social e cultural por meio do qual a ciência se consolida. O professor destacou a relevância não só da circulação das informações científicas na esfera pública, mas também do movimento de “volta” desse conhecimento: as mudanças na própria ciência a partir de interações com a sociedade.

Modelo da “Espiral da Cultura Científica” publicado na revista ComCiência

O modelo da Espiral da Cultura Científica, diz Vogt, foi pensado em um momento de entendimento sobre a importância da divulgação científica, além de uma tomada de consciência sobre o quanto a cultura científica é fundamental para o exercício da cidadania nas sociedades contemporâneas.

“Ter cultura científica não é ser cientista necessariamente (…). É ser cidadão, no sentido abrangente das sociedades contemporâneas”, enfatizou o linguista.

O professor destacou ainda que a pandemia de COVID-19 impactou profundamente as relações entre ciência e sociedade, criando demandas e oportunidades para que as informações científicas circulem de forma mais aberta e veloz. Ele também ressaltou a importância das iniciativas de ciência aberta, um movimento que é objeto dos estudos do LABinCC e do projeto VOICES (The Value of Openness, Inclusion, Communication and Engagement for Science in a Post-pandemic World.

 

Sobre Carlos Vogt

 

Mestre em linguística geral e estilística do francês pela Universidade de Besançon, na França, e doutor em ciências pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ele foi um dos idealizadores do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp, criado em 1994 para ser um centro de pesquisa e acompanhamento crítico da mídia.

 

Há 24 anos, o laboratório oferece um curso gratuito de especialização em Jornalismo Científico e um mestrado em Divulgação Científica e Cultural, que celebra em breve seus 15 anos de história e 200 dissertações defendidas. Vogt também participou da criação da Agência Pesquisa Fapesp, que se tornou uma referência para pautar a mídia sobre ciência no país; também atua como poeta, tendo publicado sete obras